terça-feira, 23 de março de 2010

dos extremos, ao meio




Pois bem, vejamos como as coisas são estranhas. Um dia você olha para o lado e percebe que algumas coisas que eram importantes para você, não o são mais. Sempre fui muito questionado sobre dinheiro. Se é uma energia boa, ruim, mais ou menos. Aí diante disso, percebi o quanto para mim esse assunto é delicado. Não sou rico (ainda bem!), mas fui criado em uma vida muito boa. Fiz toda a minha formação em escola particular, fiz cursinhos de computação, inglês, teatro, pratiquei Taekondo, natação e outras coisas. Uniforme escolar bem passado, empregada doméstica, carro do ano, casa própria, apartamento na praia, TV a cabo, tênis de marca, aliás até as meias eram de marca. Os brinquedos mais modernos! Aqueles que na minha infância eram sucesso, do lego ao playmobil. Videogame nunca quis. Um dos primeiros da minha turma a ter computador, a beijar na boca, a ter informação sobre tudo. Eu dava aula junto com os meus professores no que gostava. Na hora do recreio, me dirigia até a recepção e lá estava meu pai com o dinheiro em mãos para eu comprar o meu lanche. Fiz muitas viagens. Tive férias gigantescas, regadas a boa culinária, bom ambiente, diversão sem fim. Colecionei muitas coisas. Sempre me doei muito as minhas manias. Conforto, segurança, uma família harmoniosa, os avós vivendo a me mimar. Pois é, uma bolha! Porque, o mundo não é assim. E quando eu descobri que ele não o era, surtei. Mudei meus valores em 359º. Deixei de ser o mimado, nojento, arrogante, senhor da razão para virar o hippie, o desapegado, o espiritualizado, o desconectado do mundo real. Vivi de energias. Errei, menti, pequei, trai... Amei, vivi, chorei, modifiquei. Fiz viagens a vidas passadas, outras galáxias, para dentro de mim mesmo. Descobri que posso ser o que quiser, aí fiz minhas escolhas. Tracei minhas guerras. Sai da bolha! Interagi com drogados, maloqueiros, prostitutas, deficientes, gays, punheteiros, bandidos. Cada um no seu contexto! Da sua forma. E percebi que o mundo é grande. Que podemos tocar de uma forma boa qualquer ser, independente de como ele está trilhando o seu caminho. Vivi de amor, dos anjos, dos mestres, da família, de 554 casos, de dois ou três romances, de muitos clientes. Hoje percebo que tive que ir de um extremo a outro, do materialismo constante a espiritualidade intrigante. Hoje, trilho o caminho do meio. Gosto de conforto, boa comida, um bom teatro lotadinho, uma roupa bonita. Mas, me sinto plenamente satisfeito em ver as calças Ellus virando bebedeira com os meus amigos. As roupas Colcci virando retiros em meio a natureza. Os tênis substituídos pelos pés descalços, bem unidos a mãe terra. O coração cheio de amor. Acho bonito vaidade, terno e gravata. Mas, vivo tão bem de carinho, afetos, sorrisos, lágrimas, emoções. Sei que não vou curar o mundo, talvez nem uma parcela muito pequena dele. Mas minha vaidade está nos meus seis anos de trabalho desnecessário. Desnecessário sim! Porque de dinheiro nunca precisei, mas daqueles sorrisos, nossa, meu alimento. Seis anos de trabalho desnecessário, mais de 400 pessoas atendidas, um orfanato, um asilo, dois hospitais, 3 cursos de mediunidade, um de magia, 5 giras, um festival de Beltane, 2 renascimentos. É, acho que sou rico sim. E como! Dentro do que para mim tem valor, sou multimilhonário! Tenho uma carreira profissional bem bacana para a minha idade, um namoro intenso e cheio de energia, os amigos mais malucos, presentes e formidáveis. É, a vida pode ser bem boa sem um D & G, um carro zero. Alias, quantos momentos em ônibus, trem, mundo a fora.. Você ainda pode me ver pelas ruas com ou sem uma roupinha bacana, mas sem amor, isso não verás. Agora chega de escrever.. tenho coisas simples para viver..

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